Você conhece o verdadeiro Bulldog?
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Raças de cachorros

Você conhece o verdadeiro Bulldog?

Jairo Teixeira
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Jairo Teixeira

Quando usamos a expressão “bull­dog” para a maio­ria das pes­soas, vem logo em mente a figura de um cão baixo, atar­ra­cado, com as patas arqueadas, com uma cabeça gigan­tesca e uma mor­dida de um prog­natismo tão exager­ado que os cani­nos infe­ri­ores ficam à mostra.

Esse estereótipo está tão arraigado no imag­inário pop­u­lar que fica difí­cil explicar que “bull­dog” (em inglês, bull = touro, dog = cão) sig­nifica um cão de touros. Ou seja, um cão de tra­balho para ser usado no gado.

Bull dogNos sécu­los  XV e XVI na Europa, os mer­cadores de gado e açougueiros usavam cães que eram capazes de pro­te­ger e con­duzir o rebanho, e even­tual­mente, segu­rar um touro pelo focinho e levá-lo ao chão, imobilizando-o. Uma tarefa que sem dúvida nen­huma, não é para qual­quer cão. Para exe­cu­tar tamanha proeza, eram usa­dos ani­mais de extrema agili­dade, força física, resistên­cia à dor, capaci­dade car­dior­res­pi­ratória fenom­e­nal e uma cor­agem sem lim­ites diante de um adver­sário muito supe­rior em tamanho e peso.

Será que alguém acred­ita que algum desses “bull­dogs” mod­er­nos seja ele qual for, já que muitos são os can­didatos a serem os “ver­dadeiros rep­re­sen­tantes” dos val­orosos cães da antigu­idade, seja capaz de agar­rar um touro pelo focinho, levá-lo ao chão e imobilizá-lo? Se sim, acho que essa pes­soa nunca viu um touro de perto!

Imag­ine que os cri­adores desses bull­dogs mod­er­nos, vet­er­inários, e revis­tas espe­cial­izadas, recomen­dam que o feliz pro­pri­etário de um desses cães evite fazer exer­cí­cios com o seu pet em dias quentes.

Sim, porque é isso que eles são, ape­nas “pets”!

Esses bull­dogs mod­er­nos estão mor­rendo de insu­fi­ciên­cia res­pi­ratória só por darem uma cor­rid­inha no par­que ou no pátio de casa, e não estou me referindo somente ao inglês. E querem chamar esses ani­mais sem focinho de bull­dog. Isso me deixa louco!

Na minha opinião, os úni­cos cães que ainda são capazes de lidar com um touro são o pit­bull, dogo argentino, alano espan­hol, o bull­dog amer­i­cano lin­hagem scott e talvez algum bull­ter­rier de tra­balho.

Existem grupos de pes­soas ded­i­cadas a res­gatar o bull­ter­rier e trazê-lo de volta à posição de onde nunca devia ter saído:

Abaixo estão algu­mas gravuras que mostram os ver­dadeiros bull­dogs tra­bal­hando. Notem os focin­hos com­pri­dos, patas lon­gas, e corpo esguio e atlético. Isso foi antes das aber­rações começarem a apare­cer.

bull-2

bull-3

Nettle-dog

Já ouvi cri­adores de bull­dogs diz­erem que “para ser um bull­dog tem que pare­cer bull­dog”. Entende-se com isso atar­ra­cado, cabeção, dentes à mostra etc. Não, não é ver­dade. Para ser um bull­dog tem que tra­bal­har como um bull­dog. Eu entendo a posição desses cri­adores pois seus cães já não são mais usa­dos como cães de touro, então só sobrou a aparên­cia de um suposto bull­dog.

Quero deixar claro que não sou con­tra a mor­dida inver­tida, aliás, alguns cri­adores de pit­bull da história, prefe­riam a mor­dida inver­tida pois acred­i­tavam ser ela mais forte. O prob­lema é quando existe um espaço de vários cen­tímet­ros entre a parte inte­rior dos inci­sivos infe­ri­ores e a parte exte­rior dos inci­sivos supe­ri­ores (prog­natismo).

Quanto maior o espaço, mais fraca a pegada. E o pior, é que o focinho vai ficando cada vez mais curto, difi­cul­tando a capaci­dade res­pi­ratória do ani­mal. O mito de que um focinho recuado facilita a res­pi­ração do cão na hora da pegada não tem fun­da­mento, basta se obser­var com cuidado para ver que exis­tem aber­turas nas lat­erais das nar­i­nas  que sobem pelos lados. Elas exis­tem jus­ta­mente para que o cão con­tinue res­pi­rando sem difi­cul­dade enquanto agarra. Sei que muitas pes­soas acham que hoje em dia não há neces­si­dade de um ver­dadeiro bull­dog de tra­balho.

Eu, dis­cordo. Acho que um cão de touros ainda pode ser muito útil em uma fazenda de gado, assim como um bor­der col­lie o é em uma fazenda de ovel­has.

Mas, de qual­quer forma, mesmo que hoje em dia não hou­vesse mais lugar para esse mag­ní­fico ani­mal, não jus­ti­fica ficarem pro­movendo uma car­i­catura, um impos­tor, ao invés de hon­rar a memória dos ver­dadeiros bull­dogs, esses fan­tás­ti­cos ani­mais de tra­balho que deram suas vidas a serviço dos humanos.

Não sei se é pos­sível cal­cu­lar a importân­cia econômica e social desses cães na pecuária bov­ina européia dos sécu­los  XV e XVI e pos­te­ri­or­mente na col­o­niza­ção das américas.

Uma coisa eu sei, é que para os admi­radores de cães de tra­balho, o termo “bull­dog” está asso­ci­ado à valen­tia, valor, bravura, e usá-lo para descr­ever esses ani­mais patéti­cos, é mais do que mau gosto, é um insulto.

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