Salvem o Fila Brasileiro!
Salvem o Fila Brasileiro!

Me dá muita tris­teza ver o estado em que se encon­tra uma raça gen­uina­mente brasileira, com um poten­cial enorme para se tornar um dos mel­hores cães de guarda ter­ri­to­r­ial do plan­eta.

Décadas de polit­icagem tem evi­tado um esforço con­junto para se sele­cionar dev­i­da­mente o Fila Brasileiro.

O Fila tem uma car­ac­terís­tica única que o difer­en­cia dos demais:

A não aceitação de estran­hos, a chamada ojer­iza.

Para mim, esta car­ac­terís­tica é de um valor ines­timável, porém ela vem num pacote, e somos obri­ga­dos a avaliar o cão como um todo.

Não vou entrar aqui numa dis­cussão sobre o fenótipo do Fila Brasileiro, ao qual eu tenho sérias críti­cas.

Acho que con­sigo con­viver com os exageros da “tipi­ci­dade” do Fila Brasileiro, porém sobre uma coisa eu não posso me calar, e esta é a função.

O nome Fila vem do termo filar, agar­rar, apre­sar.

Pois bem, esta é jus­ta­mente uma car­ac­terís­tica que está desa­pare­cendo, pois o Fila mod­erno não fila. Não agarra!

É lou­vável que os clubes da raça façam provas de tem­pera­mento, porém, a meu ver os testes feitos estão com­ple­ta­mente equiv­o­ca­dos.

Como um cão deve filar

 

Eu observo as provas e vejo o con­du­tor con­duzindo seu cão numa peit­eira, com uma corda longa (até aí tudo bem), e um pseudo fig­u­rante, ou cobaia, que na maio­ria das vezes não tem ideia do que está fazendo.

Usando cadeiras, vas­souras e baldes, para provo­car um cão que para um leigo, parece que vai devo­rar alguém se for solto.

Porém, quem entende de tem­pera­mento, con­segue obser­var que muitos cães se mostram inse­guros, cauda baixa, alguns olham para o dono em busca de apoio (con­tato visual), out­ros, quando sen­tem que a corda afrouxa um pouco, recuam, enco­stando nas per­nas do dono em busca de segurança.

Em primeiro lugar, se o obje­tivo é filar, apre­sar o fig­u­rante, este, alguém que dev­e­ria saber o que está fazendo, pre­cisa usar uma pro­teção ade­quada, que o pos­si­bilite tra­bal­har de forma con­fi­ante, pre­stando atenção no cão e não pre­ocu­pado com sua própria segu­rança.

Em segundo lugar, dev­e­ria se ofer­e­cer ao cão, uma super­fí­cie de pegada con­fortável: braço, perna, etc.

Sim, eu assisti vídeos de pseudo fig­u­rantes usando man­gas de schutzhund e os cães fazendo pegadas ridícu­las, só com os inci­sivos, pare­cendo que estavam com nojo da manga, ou “masti­gando”, pegando e soltando.

E o pseudo fig­u­rante era quem sacu­dia o cão, e não o con­trário, como deve ser.

Algum fileiro já ouviu falar do termo “boca cheia”, se referindo à qual­i­dade da pegada?

Se não, deem uma pesquisada no youtube, em KNPV, french ring, para ter uma ideia de como um cão deve agar­rar.

O cão deve apre­sar com toda a boca, até os molares, e com essa mor­dida firme, sacudir a presa, e não o cobaia ficar sacud­indo o cão, o que é absurdo!

Um leigo con­segue ser enganado, mas alguém que entende um pouquinho, vê que tem algo muito errado acon­te­cendo.

Pes­soal, me des­culpem, fiz fig­u­ração por muitos anos, e mor­dida só com os inci­sivos, é sinal de inse­gu­rança, falta de valen­tia, de espírito de com­bate, de brio.

E tem mais, não é feito o ataque lançado.

Uma coisa é o cão agredir preso a uma corda, ou cor­rente.

A maio­ria dos cães é uma fera enquanto se sente conec­tado ao corpo do con­du­tor.

Solta o bicho que eu quero ver!

Aí a coisa toda muda de figura, e vocês vão ver que a maio­ria dos cães não vão cor­rer e agar­rar, filar o fig­u­rante.

Sem o uso do ataque lançado, o teste de tem­pera­mento está falho, equiv­o­cado.

Sei que muitos fileiros vão dis­cor­dar de mim, e sus­peito que não porque creiam que estou errado, mas por saberem que estou certo e que seus “furiosos filas“ só são bravos na guia, no canil, no automóvel, no pátio, ou seja, quando se sen­tem pro­te­gi­dos, conec­ta­dos ao dono ou ter­ritório.

Já ouvi o argu­mento: “o Fila não é cão de polí­cia, para ficar perseguindo alguém, ele pro­tege o ter­ritório”.

onca pintadaOpa, opa…

Este não é o cão que era usado para perseguir escravos e caçar onças?

E se o ter­ritório for uma fazenda?

Quão longe ele vai perseguir ou pro­te­ger?

 

É no ataque lançado que um cão demon­stra seu valor, o que tem por den­tro, quando ele está soz­inho, mano a mano, frente a frente com o agressor.

Por­tanto, repito, os testes que estão sendo feitos mas­caram os resul­ta­dos, e não pos­si­bili­tam uma avali­ação cor­reta do tem­pera­mento dos cães.

Eu, mesmo com meus 55 anos e já algum tempo sem fazer fig­u­ração, ainda toparia vestir o traje com­pleto e “agi­tar” um grupo de Filas em uma exposição, só para provar o meu ponto.

Digo que 80% dos cães, não pas­sariam no teste, não seriam capazes de cor­rer 50 met­ros, me apre­sar de boca cheia, sem largar, aguardando a chegada do dono.

As pes­soas respon­sáveis pelo setor de ade­stra­mento dos clubes espe­cial­iza­dos do Fila Brasileiro, dev­e­riam ter uma mente aberta e estu­dar o schutzhund, o french ring, o KNPV, esportes com tradição, que foram ide­al­iza­dos jus­ta­mente para tes­tar o desem­penho dos cães no tra­balho de guarda.

Se os fileiros não pararem de ficar dis­cutindo bale­las, tipo:

Existe ou não Fila preto… e não forem capazes de avaliar hon­esta e cor­re­ta­mente o tem­pera­mento de seus cães, em breve o out­rora grandioso Fila Brasileiro, não vai pas­sar de um “tigre de papel”.

Aqui vemos alguns exem­p­los de como um cão deve apre­sar, agar­rar, FILAR.

Alguns exemplos de “boca cheia”

 

filar3

filar1

filar2

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