Socorro! Meu cão está destruindo a casa!
Socorro! Meu cão está destruindo a casa!

Alguém já chegou em casa e encon­trou os vasos de plan­tas que­bra­dos, e a terra espal­hada? As sandálias hava­ianas nov­in­has com as tiras destruí­das? Ou o trav­es­seiro de penas espal­hado pela sala?

Bom, esse tipo de destru­ição é mais comum do que se imag­ina e é algo que pode cus­tar muito tra­balho e din­heiro.

Já vi situ­ações graves onde os cães além de destruírem, engolem obje­tos, o que resulta muitas vezes em cirur­gias sérias e/ou até na morte do ani­mal.

Casos onde os cães mor­reram eletro­cu­ta­dos por roerem os fios do aba­jur, eu lem­bro de vários.

O episó­dio mais sur­preen­dente que lem­bro foi uma boxer que engoliu o apar­elho celu­lar do dono.

Podem imag­i­nar algo assim? O homem lig­ando do celu­lar da mul­her ten­tando localizar o seu e ouvi-lo tocando den­tro do cachorro?

Parece piada mas não é, real­mente acon­te­ceu. Eu mesmo custei a acreditar.

Mas por que o cão faz isso? Estaria ten­tando o suicí­dio? Quer se vin­gar de mim, destru­indo algo que me cus­tou caro? Ou quer chamar a minha atenção?

Posso garan­tir que um cão é inca­paz de bolar um plano para chamar a atenção de alguém. Porém, ele aprende muito rap­i­da­mente que pode con­seguir atenção destru­indo algo.

As pes­soas fazem exata­mente o que não dev­e­riam fazer:

Xingam o cão, gri­tam, dizem não, mostram o objeto destruído e dão um ser­mão.

Bom, se ele estava querendo atenção, acaba de gan­har um mon­tão dela, cor­reto?

Um cão vici­ado em atenção pref­ere ser xin­gado do que ser igno­rado.

Não, não estou sug­erindo que se deixe o ani­mal destruir a casa. Estou pro­pondo uma abor­dagem mais inteligente.

Qual a origem desse com­por­ta­mento indesejável?

Pre­cisamos achar a fonte, a raiz do prob­lema.

Claro que tal situ­ação já demon­stra uma ter­rível falta de lid­er­ança por parte do dono, algo que pode e deve ser cor­rigido através de práti­cas tipo:

  • Ali­men­tar o ani­mal com hora mar­cada, forçando-o a esperar a sua per­mis­são para comer
  • Conduzi-lo na guia sem que ele puxe
  • Jamais dar atenção enquanto ele pula em mim, mas somente quando ele está com as qua­tro patas no chão, entre outras…

Mas existe um gatilho que dis­para a destru­ição de obje­tos, e este é a:

“Ansiedade por sep­a­ração”

 

Algo que ocorre quando uma bar­reira física é colo­cada entre um cão “emo­cional­mente depen­dente” e seu dono.

Quando o dono sai de casa e uma porta se fecha, por exem­plo. Um dos recur­sos que um cão tem para lidar com tal ansiedade é usar a boca para masti­gar, roer algo que de prefer­ên­cia tenha o cheiro, o gosto, e/ou seja sim­bólico do dono.

Algum objeto para o qual o dono dirige sua atenção.

Se, ao chegar em casa, o dono encon­tra um objeto que foi roído pelo cão e trans­forma isso em um evento, o ciclo se fecha e amanhã o ani­mal vai repe­tir aquele com­por­ta­mento pelo qual foi “pre­mi­ado”.

Assim, é muito impor­tante igno­rar­mos a destru­ição feita pelo cão.

Eu sugiro que enquanto o prob­lema não for solu­cionado, o dono retire do alcance do ani­mal o máx­imo pos­sível de obje­tos que pos­sam ser destruí­dos, min­i­mizando o dano.

Ao mesmo tempo colo­cando “iscas” tipo um sap­ato velho que você já não usa mais, uma carteira velha, algo que se ele destruir, não vai fazer diferença e que não ofereça perigo ao animal. Ou, melhor ainda, um osso bovino atraente que ele possa roer e canalizar sua frustração.

Mas como solucionar o problema?

 

Para solu­cionar o prob­lema, a primeira medida é parar com as saí­das e chegadas “emo­cionais”, ou seja, não se des­pedir do cão ao sair e prin­ci­pal­mente não inter­a­gir com ele na chegada.

Obvi­a­mente, um ani­mal ansioso,vai estar agi­tado, latindo, pulando, uns até uri­nando quando o dono chega.

Ele pre­cisa ser com­ple­ta­mente igno­rado (não falar, não tocar, não fazer con­tato visual) até que ele se acalme total­mente, algo que pode demorar até 1 hora ou mais.

Somente após ele desi­s­tir de pedir atenção é que o dono deve inter­a­gir com o ani­mal, de uma maneira calma, e de prefer­ên­cia, des­viando a atenção de sua pes­soa para uma bolinha, cabo de guerra, pas­seio a pé, de bici­cleta, etc.

Qual­quer ativi­dade que os dois pos­sam fazer jun­tos sem que o dono seja o foco principal.

Outra medida é ensi­nar ao cão um comando lim­i­ta­dor. Uma vari­ante do comando “fica”, por exem­plo, mandá-lo para o canil, quarto, pátio, etc, e ele per­manecer lá, solto, até ser chamado, no iní­cio, com a porta aberta.

Um cão destru­tivo, ansioso, é um cão que está vici­ado na atenção do dono.

É como uma som­bra que o segue pela casa toda. Muitas vezes gan­hando colo, sen­tando sobre os pés do dono, ou encostado nas suas per­nas.

Um ani­mal que, quando o dono está em casa fica o tempo todo pedindo e, o pior, gan­hando atenção.

Ensiná-lo a ficar em outro ambi­ente com a porta aberta, demon­stra que ele não é o cen­tro das atenções e que não estou disponível 100% do tempo.

E agora, a bar­reira física, a porta, que era o objeto da sua frus­tração, pois o impe­dia de ter acesso ao dono, já não existe mais.

Nesse momento, quando percebe­mos que o cão está relax­ado e aceitou o fato de que não vai rece­ber atenção, mesmo eu estando em casa, a porta pode ser fechada.

A con­se­quên­cia disso é que a ansiedade desa­parece, e as man­i­fes­tações da ansiedade, no caso, a destru­ição de obje­tos, já não ocorre mais.

Pode pare­cer sim­ples mas fun­ciona!

Um cão é regido por condi­ciona­men­tos, padrões men­tais, e o que esta­mos fazendo com essa prática é ape­nas mudando o seu padrão men­tal.

Num próx­imo post vou dar o passo a passo de como ensi­nar o comando limitador(cama, fora, canil, quarto, etc).

Abraços e até lá!

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